Negrinha
Um soco no estomago, uma mão na face e muitas reflexões. Eis a Negrinha, que conversa com esverdeado, laranja, azul e até mesmo com o sem cor. Tem como amigo o negro que vira branco sem deixar de ser negro, eis a negrinha.
Ao entramos no “Teatro das Marias”, as luzes apagadas, uma decoração clássica e simples, espelho, candelabros e muitas velas que iluminam a cena, dando a sensação de se estar entrando em casarão abandonado, do séc XIX.
Entre grão, velas, sons, panelas a negrinha (Sara Antunes), narra histórias e sonha sozinha, como uma garota um tanto sofrida e mesmo perturbada, mas absolutamente sensível, vai percebendo cores e compartilhando com a platéia. Eis o lúdico que tira o peso das lembranças dessa menina sofrida e tão sozinha, que conhece o abandono desde muito cedo e precisa encarar muitas guerras por dia, apenas por ser negrinha.
Dentro da perspectiva obvia a atriz deveria ser uma negra, mas Sara Antunes responsável pela dramaturgia inspirada na obra de Monteiro Lobato, é também a atriz responsável por nos fazer crer que mesmo sendo branca como neve é ela negrinha, assim como nos convenceu das cores mais bizarras. De uma brincadeira vinha uma historia e de uma cor vinham outras e assim, ela a negrinha pode se apresentar e mostrar sua dor e solidão.
A relação da sociedade com o negro, o ser negro e o peso histórico e social de sua cor. Apenas uma cor?!? Um carma, um orgulho? E a lei? E Rosinha? E a negrinha? Não tem valor a negrinha?
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