Desde de sempre pensei na interpretação como algo que deve acontecer com harmonia, sem nenhuma grande evidencia em detrimento de outras e olho as coisas por vezes com esse olhar.Mas em se tratando de Meryl Streep fica difícil. A atriz que levou sua terceira estatueta esse ano, depois de 17 indicações ao Oscar, é (pelo menos aos meus olhos) uma sumidade, tamanho seu talento e carisma. Em “A Dama de Ferro”, no entanto, não encontro palavras para dela falar, tamanho brilhantismo.
E a exemplo do que aconteceu com Marion Coutillard quando encarnou Edith Piaf, Margareth Thatcher de Streep é indiscutivelmente a coisa que realmente se destaca no longa. Tanto a parte histórica quanto a política ficam em segundo plano na trama do filme, que prefere martelar a doença e a solidão da ex-premiê britânica, que comandou o país com "mão de ferro" por mais de uma década e está lá, ainda viva.
A famosa greve dos mineiros britânicos, um dos divisores de água do governo Thatcher, é melhor explicada em Billy Elliot do que aqui e é apresentada totalmente fora de cronologia. No filme, Thatcher primeiro é quase linchada pelas greves e seus cortes orçamentários, para então ser ovacionada pelo povo quando as tropas britânicas voltam vitoriosas da Guerra das Malvinas (que aconteceru dois anos antes) para, em seguida, aparecer ao lado de grandes líderes políticos em papel de destaque. Mesmo assim, sobram momentos para Streep brilhar. A primeira cena, com a ex-primeira ministra em uma lojinha de conveniência, é sem dúvida uma das melhores do filme justamente porque dá uma visão macro do cenário sem se preocupar em focar apenas na personagem principal. Mostrando assim, a fragilidade em que a protagonista se encontra; as mudanças de parâmetro da sociedade atual e a sua indignação de viver nestes dias.
Daí pra frente inicia-se a narrativa em flashbacks que mostra a vida pregressa da biografada, desde o tempo em que Margareth (interpretada em sua versão mais jovem por Alexandra Roach) passou de filha de um pequeno comerciante do interior a mulher mais poderosa dos anos 1980.
No geral a mim parece um filme razoável, apesar da oscilação do roteiro. O que de fato é de tirar o chapéu e aplaudir de pé é a fabulosa interpretação de Streep e a maestria da equipe de maquiagem. E quando entra em cena a irreconhecível Meryl Streep, toda envelhecida e escondida atrás da prótese dentária, Sucesso unanime!
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