segunda-feira, 12 de março de 2012

Modéstia

Fui ao Centro Cultural dos Correios com objetivo de assistir a um espetáculo do qual um amigo tá fazendo a produção. Até esse dado momento, nem o nome do espetáculo eu sabia. Na bilheteria me deparo com  Pedro Brício, de quem venho assistindo alguns trabalhos. Ele estava preocupado com o horário, não queria que nada atrasasse para que nós, público não tivéssemos que esperar. Devo admitir que naquele momento minha relação com o espetáculo e com tudo que dizia respeito tomou outras proporções. Imediatamente recorri ao programa do espetáculo Modéstia, com texto inspirado na obra do argentino Rafael Spregelburd e direção de Pedro Brício (um cara que tem respeito com o publico). Curti.
Saindo do viés das pessoalidades e entrando no teatro, logo me deparei com a imensidão e riqueza do cenário, quis que fosse a decoração de minha casa, mas nem de longe era a que eu esperava encontrar ali, já que um dos textos fala sobre Rússia e ou outro sobre a Argentina. Mas relevei a isso, e as datas. Relevei também as emoções outras que não o riso. E foi assim relevando que encontrei um espetáculo de técnica, é inquestionável a qualidade técnica do espetáculo. Que trás atores competentes e atrizes sensacionais, uma iluminação muito boa que consegue fazer bem a transição de um história para outra. É um espetáculo que não precisa ser pleno conhecedor de teatro, para saber que foi bem ensaiado.
Penso que talvez, o equivoco do espetáculo seja o texto que narra duas histórias. A primeira em Trieste, no início do século XX. Onde um escritor tubérculo, é convencido pela esposa a trocar os direitos autorais da obra escrita por seu falecido sogro, pelo tratamento com um médico que odeia a profissão. Doente, o sofrimento do escritor aumenta por conta das crises por sua falta de talento. A segunda em Buenos Aires, em dias atuais. Fala sobre um advogado casado com uma mulher fascinada por seus vizinhos coreanos. Diga-se de passagem, é esse o personagem mais engraçado. Uma vizinha que rodeia seu marido e quer se divorciar e um jovem amigo do advogado, que não me parece fazer muito sentido lógico.
O espetáculo por vezes parece um mosaico, que precisa ser organizado, mas ao mesmo tempo parece-me uma pesquisa da técnica teatral. Ao final, nada de falto foi alterado, não houve a comunicação visceral, mas certamente sai consciente e feliz com as possibilidades técnicas.

Um comentário:

  1. De fato posso concordar com tudo que minha amiga falou, suas colocações foram convenientes e apropriadas para a obra que foi apresentada, lamentamos que somente tenha ficado no rigor técnico e não ter se arriscado na teatralização, mas sabemos que temos um público treinado para tal , então aceitemos sem resistências o realismo "televisivo" e distante do teatral.

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