terça-feira, 6 de março de 2012

Os Descendentes

Tenho vistos muitos filmes, muitos mesmo e assim como no teatro, novelas e esmo em livros, por vezes sinto um descuido com o texto, como se todo resto o transpusesse indiferente de sua qualidade. Mas Os Descendentes, assim como Meia Noite em Paris (post outro), estão ai para mostrar que um bom texto, faz sim, a diferença O filme de Alexander Payne, por exemplo, usa diálogos inspirados para apresentar este período onde não há muita consciência sobre a melhor forma de agir e ao mesmo tempo, aflora a verdadeira essência do atingido. Provando que é no meio da crise que pode-se conhecer melhor quem é quem..

Mas falemos sobre Os Descendentes, falemos sobre os momentos que ocorrem na vida e mudam tudo de lugar, sem nenhum aviso prévio. E é exatamente essa quebra da estabilidade que constrói as relações, pelo menos no filme, onde George Clooney, interpreta Matt King. Um advogado que leva uma vida “boa” no Havaí. Casado e pais de duas filhas, algum dinheiro no banco. Até que... Tudo muda.

Sua esposa Elizabeth sofre um grave acidente e entra em coma. Matt precisa lidar com Scottie (Amara Miller) e Alexandra (Shailene Woodley), suas filhas, com quem não tem a menor afinidade. Pior, elas não o respeitam como ele gostaria. A situação piora ainda mais quando Alexandra dá ao pai a bomba definitiva: Elizabeth tinha um amante. Sem chão, Matt busca respostas. O mundo vem abaixo, mas a vida segue em frente. Afinal de contas, Matt tem uma esposa à beira da morte, uma importante decisão econômica que promete alterar a ilha em que vive e, o mais importante, duas filhas para criar. O impressionante em Os Descendentes não é propriamente a forma como Matt vai à lona, mas como vai se recuperando aos poucos. Há uma abordagem essencialmente humana, no sentido de lidar com a dor do personagem ao invés de tentar eliminá-la usando soluções rápidas.

Outro ponto que chama a atenção é a forma que Payne apresenta o Havaí. As praias paradisíacas, imagem imediata ao se pensar no local, ficaram praticamente de fora. O Havaí retratado é urbano, com engarrafamento e pobreza, como em qualquer cidade grande.

“Os Descendentes” segue a tradição do diretor Alexander Payne, trazendo uma história humana que preza pela qualidade dos diálogos. É também um filme sobre a fragilidade humana, sob vários aspectos. Muito bom.

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