quinta-feira, 22 de março de 2012

"Dance, Dance... Se não estaremos perdidos..."


Desaprendemos o silêncio? Ela não! Assim é (era) Pina, silenciosa em palavras. Mas o que são as palavras? Quando a alma fala, nada mais precisa ser dito, verbalizado, explicado. Gostaria de conseguir ser silenciosa e mostrar com minha alma as minhas mais honestas emoções, entrar em contato com o “Eu” maior, que no geral deixamos preso naquela caixinha pequenina. Pois esse “Eu” é livre, leve e certamente dança.
Pensei em muitas formas de falar sobre esse filme, além do que é visto. Gostaria de falar sobre o sentido. Enquanto não encontro uma palavra que expresse esse silêncio que grita em mim após assistir a homenagem à coreógrafa alemã Philippine Bausch (que conduziu a  Tanztheater Wuppertal, companhia de dança, durante 35 anos); falemos dos recursos técnicos e humanos utilizados:

O longa dirigido pelo cineasta alemão Wim Wenders (de Asas do Desejo, Paris, Texas e Buena Vista Social Club), utiliza-se de um recurso muito interessante para mesclar imagens em 2D: a câmera fica atrás de um projetor de cinema, assim vemos o projecionista e as costas do público, como se estivéssemos em outro cinema, ou em um teatro-dança que precisava conquistar também o cinema. A questão é que essa imagem projetada de dentro da cabine de projeção é em 2D, o que facilita a utilização das imagens de arquivo sem causar muitos danos.
Com uma fotografia simplesmente linda e poética, com imagens de lugares tão distintos e tão iguais, assim como todos nós. As coreografias são algo arrepiante, que nos leva a sentir junto com os bailarinos, sensações outras. Por vezes senti vontade de dançar, como sinto agora ao lembrar. Mesmo quem não gosta de dança vai se surpreender com algumas coreografias. A utilização dos elementos, terra e água, além dos espaços externos, que enriquecem ainda mais as imagens dando organicidade a cena que se desenvolve. Por vezes quase quis crer que eu estava na poltrona de algum teatro assistindo a algumas daquelas maravilhas. Cena do “Café Muller” que eu já havia me maravilhado em “Hable con Ella”, de Pedro Almodóvar, nos é apresentado em sua concepção. Vale dizer que o longa que tem formato de documentário, trás depoimentos dos mais diversos bailarinos de Pina e a exposição do quão visceral era seu trabalho, o que fica claro em falas como: “Você é a pessoa mais frágil do grupo, e essa é exatamente a sua força”, ou: “Procure seu caminho”. Sendo a exposição de uma arte livre.
E preciso dizer: O Brasil é lindamente representado, com dança, alegria (elemento usado pela bailarina brasileira - perdoem-me minha desatenção ao seu nome) e em música, com "Leãozinho", de Caetano Veloso.

Com tudo, não sei se temos púbico disposto a tanto, pois como já foi dito é um filme sensível e silencioso, que para um publico acostumado com X-Mam, Harry Potter, pareça um pouco monótono depois dos primeiros 30 min.
Infelizmente não conseguirei externar além, pois sinto urgência em dançar antes que música acabe.
Pina 3D – Em cartaz em um cinema perto de você

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