Desaprendemos o silêncio? Ela
não! Assim é (era) Pina, silenciosa em palavras. Mas o que são as palavras?
Quando a alma fala, nada mais precisa ser dito, verbalizado, explicado.
Gostaria de conseguir ser silenciosa e mostrar com minha alma as minhas mais
honestas emoções, entrar em contato com o “Eu” maior, que no geral deixamos
preso naquela caixinha pequenina. Pois esse “Eu” é livre, leve e certamente
dança.
Pensei em muitas formas de falar
sobre esse filme, além do que é visto. Gostaria de falar sobre o sentido. Enquanto não encontro uma palavra que expresse esse silêncio que grita em mim
após assistir a homenagem à coreógrafa alemã Philippine Bausch (que conduziu a Tanztheater
Wuppertal, companhia de dança, durante 35 anos); falemos dos recursos técnicos e humanos utilizados:
O longa dirigido pelo cineasta
alemão Wim Wenders (de Asas do Desejo, Paris, Texas e Buena Vista Social Club),
utiliza-se de um recurso muito interessante para mesclar imagens em 2D: a
câmera fica atrás de um projetor de cinema, assim vemos o projecionista e as
costas do público, como se estivéssemos em outro cinema, ou em um teatro-dança
que precisava conquistar também o cinema. A questão é que essa imagem projetada
de dentro da cabine de projeção é em 2D, o que facilita a utilização das
imagens de arquivo sem causar muitos danos.
Com uma fotografia simplesmente
linda e poética, com imagens de lugares tão distintos e tão iguais, assim como
todos nós. As coreografias são algo arrepiante, que nos leva a sentir junto com
os bailarinos, sensações outras. Por vezes senti vontade de dançar, como sinto
agora ao lembrar. Mesmo quem não gosta de dança vai se surpreender com algumas coreografias.
A utilização dos elementos, terra e água, além dos espaços externos,
que enriquecem ainda mais as imagens dando organicidade a cena que se
desenvolve. Por vezes quase quis crer que eu estava na poltrona de algum teatro
assistindo a algumas daquelas maravilhas. Cena do “Café Muller” que eu já havia
me maravilhado em “Hable con Ella”, de Pedro Almodóvar, nos é apresentado em
sua concepção. Vale dizer que o longa que tem formato de documentário, trás
depoimentos dos mais diversos bailarinos de Pina e a exposição do quão visceral
era seu trabalho, o que fica claro em falas como: “Você é a pessoa mais frágil
do grupo, e essa é exatamente a sua força”, ou: “Procure seu caminho”. Sendo a
exposição de uma arte livre.
E preciso dizer: O Brasil é lindamente representado, com dança, alegria (elemento usado pela bailarina brasileira - perdoem-me minha desatenção ao seu nome) e em música, com "Leãozinho", de Caetano Veloso.
Com tudo, não sei se temos púbico
disposto a tanto, pois como já foi dito é um filme sensível e silencioso, que
para um publico acostumado com X-Mam, Harry Potter, pareça um pouco monótono depois
dos primeiros 30 min.
Infelizmente não conseguirei
externar além, pois sinto urgência em dançar antes que música acabe.
Pina 3D – Em cartaz em um cinema perto de você
Maravilhosa...
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