terça-feira, 8 de março de 2011

Inverno da Alma

“Nunca peça o que deveria ser oferecido!”. Começo com esse texto pois ele conseguiu me dizer quem era a jovem Ree (Jennifer Lawrence). O que não consigo entender, são quais os padrões de indicação e melhor, de vitória do Oscar,pois de todos os filmes assistidos até o dado momento, esse foi o que conseguiu chegar mais próximo do que acredito ser cinema.

De acordo com Marcelo Hessel em sua critica, “Existe um bom "filme de gênero" dentro de Inverno da Alma (Winter's Bone, 2010), um thriller sobre o desaparecimento de um traficante. Por fora, porém, há uma casca de "filme de festival" que impede que esta adaptação do romance de Daniel Woodrell se movimente com mais naturalidade”. Quanto isso não tenho tanto a falar por não ter ainda lido.

Na trama, uma adolescente Ree (indicada ao Oscar - e mesmo tendo amado a atuação de Natalie em Cisne Negro, a jovem Jennifer, convenceu-me em todos os sentidos) com dois irmãos menores precisa encontrar o seu pai, procurado pela polícia, para impedir que a justiça tome a sua casa.

A atuação indicada ao Oscar de Jennifer Lawrence é clara e manifesta porque a câmera não larga dela. Ree é a nossa cicerone neste retrato que a diretora Debra Granik, em seu segundo longa, força para parecer autêntico: todo mundo tem camiseta de estampa de lobo e mal pode aparecer um banjo que alguém já senta pra tocar.

A apresentação dos coadjuvantes é sintomática do choque de estilos. Ela é funcional como em todo filme de gênero (cada personagem é uma peça a mais no mistério) mas quer soar natural, e fica difícil ser ambos ao mesmo tempo. Então tome personagem, inicialmente curvado e de costas (a privacidade é respeitada nos registros naturalistas), virando-se para a câmera na hora de cheirar cocaína, para tipificar esse personagem e funcionalizar o momento.

Antes de ser indicado a quatro Oscars - filme, roteiro adaptado, ator coadjuvante para John Hawkes e atriz para Lawrence -, Inverno da Alma levou prêmios em Sundance e Berlim. É, portanto, um filme de festival consumado. Infelizmente, só começa a se aceitar como filme de gênero a partir da metade, ao caminhar para a resolução do mistério (o clímax é notável), quando as suas obrigações com a apresentação naturalista foram todas cumpridas.

As cenas são limpas e belas, conseguindo manter a atenção do espectador do inicio ao fim, e trabalhando uma coisa que o cinema por vezes tem deixado de lado, o trabalho de ator e não estou faandodos grandes astros midiaticos. Torço então para que sejam produzidos outros filmes tão bons assim. Pois esse Inverno da Alma,aqueceu-me o espírito.

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