segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Na Selva das Cidades


Uma amiga liga convidando para assistir um Brecht no CCBB, eu que estava no meio de uma edição pedi que ela esperasse por minha resposta. O tempo passa rápido quando estamos sem ele. Penso que faça isso por pirraça. Peguei um taxi na Lapa e disse: - Corre pro CCBB, que eu já estou atrasada, ele bem correu e eu fiquei tensa, mas valia a pena, estava indo assistir mais um bom espetáculo (no Rio existem ótimos espetáculos, mas nem todos, meu orçamento me permite pagar). Mas lá estava eu no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) depois do taxista ter parado para comprar um churros e eu ter ficado com o coração na mão por ele ter me obedecido e ter corrido.
Encontro minha amiga, trocamos algumas palavras e entramos para assistir ao espetáculo, eu que nunca tinha entrado naquele teatro, comecei assistindo a ele, olhei suas paredes, o palco extava exposto, deixando a mostra um painel enorme colorido e muito sujo, cadeiras laterais e uma porção de objetos cênicos atrás delas. (Tal imagem me lembrou da casa de Seu Lunga).
O espetáculo começa, e nós somos transportados para Chicago (1912-1915). Tendo como ponto de partida o encontro entre Shlink (Daniel Dantas), um negociante de madeiras com seus cinquenta e poucos anos, e o jovem Garga (Marcelo Olinto), na livraria onde o segundo trabalha. Shlink oferece dinheiro a Garga para que dê sua opinião. Este se recusa, deixando claro que suas opiniões não estão à venda. Mas Shlink já sabia perfeitamente disso e usou tal estratagema apenas para dar início ao "combate" existencialista.


Daí pra frente uma avalanche de fatos se acumulam, Garga é atingido em seus sentimentos para com Jane (Fernanda Boechat), sua amante, e Marie (Maria Luiza Mendonça), sua irmã.
Com ótima direção e elenco gabaritado, “Na selva das cidades", terceira peça escrita por Bertolt Brecht (1898-1956) não deixa a desejar, principalmente em se tratando de música, pois quando o ator (e cantor) Milton Filho abre a boca, puxando para si o foco, o arrepido é inevitável.
Eu me envergonho e me orgulho no que diz respeito à Aderbal Freire-Filho cearense que a assina a direção da montagem. Envergonho-me, por saber tão pouco sobre ele e me orgulho por isso não fazer diferença alguma e ele executar um trabalho tão belo e limpo.

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