sábado, 15 de outubro de 2011

Rânia

E chega sexta, 14 de outubro de 2011 (ontem), estréia do longa-metragem, Rânia. Filmado em Fortaleza pela cearense Roberta Marques, trás três fortes e belas mulheres, Rânia (Graziela Felix), Estela (Mariana Lima) e Zizi (Nataly Rocha). É a maturação dessas mulheres que vemos na tela grande.
Poderia de verdade continuar o texto com esse distanciamento necessário, aos ditos bons textos, no entanto, ao falar de Rânia preciso contar uma história, compartilhar o desenvolvimento. Em Fortaleza a mais ou menos dois anos atrás eu recebi uma ligação, um convite para fazer o casting para o filme. Meu primeiro casting para cinema (torço que muitos mais venham. RS!).Teste feito, primeira e segunda fase. Meu primeiro casting e eu tava indo “bem”, mas rodei. No entanto, essa também não é a questão (conto isso por acreditar que é o passado ainda que “justifica” algumas coisas do presente), a questão é que um dia sai do quarto e me deparei com minha amiga assanhada, com uma saia amarela e uma confiança que até aquele dia eu não conhecia. Ela se arrumou e saiu e conseguiu.
Como presente em resposta à dedicação, ganhou Zizi, uma personagem linda, assim como Rânia e Estela. E essas três mulheres que sem nada se parecerem, são tão semelhantes, perpassam pela vida uma da outra direta ou indiretamente e de alguma forma servem de mola de impulso para a manutenção dos sonhos e as escolhas que precisam ser feitas no decorrer do caminho.
Logo de cara vejo Fortaleza como só fortalezense ver, a lente que captura aquelas imagens estabeleceu relação com a cidade e a expos em sua mais nobre e delicada beleza; a curitibana Helô Passos (diretora de fotografia), a quem chamei de fortalezense tamanha a emoção que senti de ver minha cidade linda ali, naquela tela de cinema no MAM.
A diretora Roberta Marques, em seu primeiro longa metragem, conseguiu trazer a tona o real, já que Rânia não se enquadra no típico gênero da menina pobre que sonha além do seu alcance, pois ela é real e percebe as coisas com a naturalidade de quem nasceu assim. E sendo amiga da sofrida e sonhadora Zizi, ouve falar sobre o exterior e começa a dançar no cabaré. Danças que por sinal são belíssimas. Com Estela, o sonho de uma vida diferente. A cena em que Rânia ensina Estela novos passos e com ela também aprende é de uma beleza repleta de paz.
Além das danças, trilha sonora e fotografia, também são perolas. O filme emociona por vários fatores; a força dessas três mulheres, a liberdade de criar junto que é dada ao ator, já que em algumas cenas fica claro o improviso (o que eu particularmente gosto muito). Penso que a única grande falha tenha sido a utilização de um som direto de má qualidade que deixa o filme a beira do ininteligível, com isso alguns diálogos são perdidos, o que não chega a prejudicar a compreensão do filme.
Ao sair: o abraço, os parabéns e a alegria de mulheres cearenses tão guerreiras, ali brilhando e mostrando-se, o orgulho de também ser cearense e o desejo de ver sempre bons trabalhos assim.
Caminhando voltei-me para Grazi e Nataly, ambas cansadas da pose de princesa, loucas para colocar as rasteiras, sorriam com a alma e penso que aliviadas disseram a se. Trabalho concluído, hora de sonhar novos sonhos que também podem ser o mesmo.
Não ousei falar qualquer coisa que não tenha sido sentida.
Roberta Bonfim

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