Passar na frente do Theatro José de Alencar nessa quinta feira, 27 de janeiro, era se deparar com uma fila, que poucas vezes eu vi se formar. Eram 18h e ela já dobrava a rua. Pessoas, das mais diversas idades, estilos, olhares, penso que o espetáculo começou ali, naquela fila, onde as pessoas compartilhavam do mesmo desejo, participar de um Banquete.
Depois das pulseiras encerradas as portas do teatro foram fechadas, e o publico gritando do lado de fora, tudo me parecia tão épico, gritos, batida da porta pesada do centenário teatro. Nos jardins, para atiçar ainda mais os ânimos dos que estavam do lado de fora, inicia-se o ritual. Pessoas pulam as grades do teatro e outros vendem as pulseiras de entrada a trinta reais. Tudo muito surreal.
Já dentro do teatro, deixei-me levar e sentei-me em baixo, o que foi ótimo por ter outra perspectiva do espetáculo, a proximidade com os atores, vê-los; expressões, movimentos, mesmo que outras imagens se perdessem, não era apenas olhar pra frente ver toda a cena e decidir qual tempo dera para cada por escolha “consciente”, de baixo era intuição. Foi interessante ouvir os sons que o microfone não capta. E assim ver um espetáculo menos grandioso sem deixar de ser enorme.
Como não poderia deixar de ser e se não fosse eu ficaria até decepcionada. O grupo se pronunciou a respeito do desagrado de alguns, para com o convite e especialmente valor do pagamento. O teatro oficina simplesmente diz: “Fomos convidados!” e questiona que tipo de espetáculos seriam esses quarenta produzidos, com essa verba.
O texto é muito bom por ser o clássico diálogo de Platão virado bori a Eros pelo Oficina. Onde Agatão, grande ator grego, acaba de encenar as Bacantes no Teatro de Estádio e recebe seus convivas para um Banquete regado de vinho em sua casa onde vão cantar o Amor, Eros. Sendo um texto muito conhecido da psicanálise e filosofia mundiais foi recriado pelo Oficina e leva para a cena entidades míticas como Zeus, Hera, Eros, a deusa Embriaguez, Pênia, Jesus e Fidel Castro.
O objetivo é que todos possam beber sabedoria na insânia. “Muitas pessoas hoje fazem guerra contra o amor, mas nós estamos lutando pelo amor. E não precisamos de armas para isso, nossas armas são música e poesia. Amor, assim como teatro, dá poder, cultiva a vida, e necessitamos, a todo tempo, poesia, como ar.”
Tudo muito lindo, mas devo admitir que depois de três dias de teatro oficina, o espetáculo tornou-se repetitivo aos meus olhos, sem minimiza em nada a admiração e respeito pelo trabalho do Grupo Oficina e suas Dionisíacas.
Que venham tantos outros bons espetáculos para Fortaleza e que as apresentações dos grupos locais tenham tão boa aceitação e visibilidade.
Deixo como dica o espetáculo Encantrago – Que rodou o Brasil em 2010 n Palco Giratório e finalizam a temporada esse final de semana no Sesc Iracema as 20hs. Entrada: 20 inteira – 10 meia.
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