quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Estrela Brasyleira a Vagar!

E com você saber enfim que sim

Fingir, Fingir, Fingir e atingir

O Ser (José Miguel Wisnik)

 

Cacilda Becker, mulher de tantas em si, atriz sensível e magnífica, de morte prematura. “A morte que emendou a gramática/Morreram Cacilda Becker. Não era uma só. Eram tantas.(...)", escreveu Carlos Drummond de Andrade para explicar os dotes da primeira grande dama do teatro. E foi em busca de saber mais dessa Cacilda, vista pelos olhos do grupo oficina de teatro que as pessoas encheram mais uma vez o Theatro José de Alencar, gerando um grande encontro de artistas e admiradores da boa arte. Muitos com flores na mão para caichoeira de flores (linda cena!).

Essa que é a primeira peça de tetralogia  (é um trabalho artístico composto por quatro obras distintas) de José Celso, conta com maestria a vida do maior mito do teatro brasileiro, a mãe do teatro moderno e ao falar sobre ela, conta-nos a história do teatro do Brasil, suas musas e grandes artistas que marcaram uma geração e que mesmo hoje são reconhecidos. Conta-nos a história de Cacilda Becker.

A entrada para o espetáculo foi pela coxia do centenário José de Alencar, linda idéia, porém tumultuada, com correria e aperto. Mas a desconforto inicial se esvaiu ao pisar no tablado, os ânimos foram se aquietando aos poucos e começa o espetáculo que tem duração de seis horas com dois intervalos e segundo Zé Celso, precisariam de muito mais para falar sobre Cacilda. Eu penso que ele poderia ser mais sucinto, até para evitar que as informações se percam.

Mas que fique claro, não é difícil mergulhar nessa história junto, cantar, falar, gritar... O importante é participar dessa história, escrevendo junto à história de um novo teatro que fala do teatro moderno, outrora novo. (risos) Por vezes me senti vivendo tudo aquilo, não me parecia teatro, tamanha naturalidade com que as coisas aconteciam. O erotismo e franqueza da apresentação assustam, porém não agride ao publico atento a toda dramaticidade que por vezes ganha ar cômico, arrancando risos.

Não posso deixar de falar sobre a técnica do espetáculo, luz, produção, adereços, figurinos, cenários, áudio visual, tudo muito bem executado. A musicalidade é maravilhosa (peco por não saber o nome dos artistas). O som, no entanto, às vezes deixa a desejar, assim como deixou a desejar a participação local, que não conseguiu demonstrar naturalidade e quase derrubam a atriz.

“Vamos ser amigos! Não é por mal, é que eu tenho nojo físico de você!” diz uma Cacilda, que não é a mesma ao falar sobre se, e as que nela habitam, suas contradições, paixão maior ao seu lar que é o teatro. Pergunto-me qual será a emoção de interpretar Cacilda? Se existem tantas e quantas em cada ator e atriz...

Salve Cacilda Becker e sua vida entregue ao teatro! Salve José Celso por seu teatro oficina! Salve o teatro Oficina por sua Cacilda!

Hoje tem mais Dionisíacos no TJA, a partir das 19h, as senhas de entrada são entregues uma hora antes. Te encontro lá!

 

 

                          Com que lábios te beijei

Lábios de amor

Lábios de atriz

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